"É uma audácia dizer que alguém pode ficar no lugar da Hebe". Nesta entrevista, Eliana fala sobre a carreira como empresária e editora de livros e explica a possibilidade de comandar, no futuro, um programa noturno para mulheres
Por Alisson Fernández
Prestes a comemorar 25 anos de carreira, Eliana deixou para trás o público infantil e comemora o sucesso dominical do programa que leva seu nome e o papel de embaixadora do Teleton. Transitando em um universo dominado por homens, a apresentadora foi a primeira mulher a entrar na guerra pela audiência nas tardes de domingo e mostrou que faz sucesso também com os anunciantes.
MEIO & MENSAGEM ›› Quando sentiu que deveria deixar de falar com o público infantil e passar para o público adulto e a família?
ELIANA ›› Essa transição de público foi feita gradualmente. No começo, fazia um programa para crianças. Depois, para os adolescentes e, então, surgiu um pedido do público para essa mudança. A emissora em que eu trabalhava na época (Record) me ofereceu essa missão de falar com os adultos, com a família e, a partir daí, comecei a me preparar. Fiquei oito meses com fonoaudiólogas, com terapias, fazendo vários pilotos para me comunicar com um novo público. Deu certo. Fui a primeira mulher a entrar nesta vitrine dominical, neste horário tão acirrado onde, até então, só havia homens como Silvio Santos, Gugu, Faustão.
M&M ›› Há oito anos você comanda um programa nas tardes de domingo, um dos dias mais importantes e concorridos da TV brasileira? Você se preocupa com o Ibope?
ELIANA ›› Dizer que não me preocupo com a audiência, não é verdade. Trabalho em uma televisão comercial onde os números são extremamente importantes — desde a audiência até os números comerciais. É uma responsabilidade muito grande. Cada domingo é diferente, o jogo nunca está ganho. Hoje, o público tem muito acesso à internet, às redes sociais, à TV por assinatura e, com isso, ele quer uma programação de qualidade. Não podemos jamais subestimar o telespectador, pois ele sabe o que é bom, o que é bem produzido, e com isso temos um desafio. O meu programa tem esse diferencial, além de entreter ele informa.
M&M ›› O programa Eliana é atualmente um dos recordistas em merchandising. A que atribui o sucesso com o mercado anunciante?
ELIANA ›› Cresci em frente à televisão, tenho certeza de que as pessoas entendem minha trajetória. A credibilidade e a segurança que passei durante todos esses anos foram essenciais. Mesmo que o público tenha mudado, minha pessoa e meus valores são os mesmos, as pessoas me conhecem. E isso traz a confiança de um anunciante em chegar até o programa e querer que eu coloque minha credibilidade para falar de um produto dele.
M&M ›› Você possui hoje cerca de 150 produtos licenciados. Como trabalha no processo de criação e escolha destes produtos?
ELIANA ›› Participo de tudo. Na linha de esmaltes, por exemplo, que possuem venda de um milhão de frascos por mês, me preocupo até com a matéria-prima, para saber se ela é boa. Participo até na escolha das cores dos esmaltes, da linha de maquiagens, enfim, tudo foi escolhido por mim e por uma equipe que me traz as referências de moda do Brasil e do mundo. Escolho o que tem a ver com minha imagem e com meu público.
M&M ›› Em 2009, você lançou a Editora Master Books. Por que você decidiu ingressar neste mercado?
ELIANA ›› Na época em que trabalhava para o público infantil fui contratada pela Larousse, que é uma grande editora que estava entrando no Brasil. Com eles, fiz dois livros sobre ecologia juntamente com o biólogo Sergio Rangel, que trabalhava comigo na época. Mas a ideia de ter uma editora não foi para fazer nenhum livro a meu respeito. Cultura e livros nunca são demais e queria perpetuar a obra de artistas e pessoas que realmente admirasse. Quando escolho editar um livro do Fernando Meirelles (Cegueira, um Ensaio) ou a biografia da cantora Elis Regina, isso mostra minha paixão pelo cinema, pela música e, assim, a editora também revela quem eu sou e minha paixão por livros. Queria sair um pouco do mundo televisivo e tentar alçar voos em outros meios. Quero deixar a editora para o meu filho, e que ele seja muito feliz com ela.
M&M ›› Em março, você lançou o portal feminino DaquiDali. Sentiu necessidade de se aproximar desse público?
ELIANA ›› Já existia um site (eliana.com.br) que recebia um milhão de visitas por mês, mas era focado no conteúdo do programa e nas coisas que fazia como apresentadora. Logo, imaginei que poderia dar mais informações para estes visitantes. Foi aí que surgiu o projeto de ampliar o site. Trabalhei dois anos neste projeto com uma equipe muito bacana e quando percebi, estava montando um portal feminino. É um projeto que fala com a mulher real, que trabalha, que tem filhos, que gosta de estar antenada com a moda, quer dicas de saúde e economia. Hoje temos uma média de três milhões de visualizações por mês e minha vontade é que ele chegue a ser um dos dez portais mais vistos do Brasil.
M&M ›› Agora que você é mãe, pretende voltar a trabalhar com crianças?
ELIANA ›› Não excluí as crianças. O programa é familiar e todas as pessoas assistem. Há um foco maior na mulher, pois a maioria das pessoas que assiste ao programa são mulheres de 25 a 50 anos, mas claro que homens e adolescentes também assistem. Agora, um projeto específico para crianças não tenho. Acredito que minha missão na televisão agora é outra. Quero me comunicar com as mulheres e quem sabe no futuro fazer um programa noturno para elas.
M&M ›› Em recente enquete realizada por um portal de internet você ficou em terceiro lugar para ocupar o trono de maior apresentadora do Brasil, que recentemente foi deixado por Hebe Camargo. Você se preocupa com isso?
ELIANA ›› É uma audácia dizer que alguém pode ficar no lugar de Silvio Santos ou de Hebe Camargo, pois eles são ícones da TV brasileira. Mesmo ela não estando mais aqui, deixou sua marca, seu registro e não vejo a possibilidade de alguém ficar no lugar da Hebe. O que quero é fazer minha história, independentemente da história dos grandes ícones que tenho como referência e que respeito muito. Silvio Santos é uma grande referência para mim como apresentador, empresário e pessoa, e Hebe Camargo também. Agora, dizer que posso ficar no lugar dela? Jamais.
Confira abaixo trechos inéditos da entrevista com Eliana para a TV Meio & Mensagem.
Nota publicada por Meio & Mensagem em 19/11/2012
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